17 de maio de 2010

Nem sempre a lápis (26)

Fugi dos ameaços de chuva que me acordou quando me levantei, com Huelva a boiar no horizonte sem livros novos. Durante a madrugada fui surpreendido pelo concerto das gaivotas; interpretei-o como abertura da temporada, reposição do repertório conhecido no cenário habitual. À medida que me embrenho na leitura de Disse-me Um Adivinho, deixei de resistir aos pontos comuns com Carlos Castañeda. Enquanto o fugaz autor brasileiro – e não mexicano como pretendia a época, sem que ele se desse por achado – escreveu o que a geração de 60 ansiava para se alucinar, Tiziano Terzani prega exactamente o mesmo aos peregrinos do modem. A contínua questão de fé; agora na rede, ainda e sempre o sinal. Entregue a um regime de silêncio e ausência, interessam-me cada vez menos os géneros da literatura, reconheço sempre que aproximo a mão da prateleira da escrita.

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