5 de setembro de 2011

Em princípio, segunda-feira [logo à noite] estarei a dormir no que entendi ser um anexo da vivenda da dona Raquel, no lugar de Porto Covo. Ainda fica mais bonito chamado assim; lugar. Cozinha, quarto e casa de banho; não penso sair de casa para fazer sala, espiado por uma televisão desligada e a cozinha tem mesa de trabalho. Foi o melhor que se ofereceu, entre as várias sugestões do Posto de Turismo local (funciona), como alternativa ao vaivém do camping da Ilha do Pessegueiro; por muito que pese o espaço com as portadas de madeira escancaradas e o crepitar da lareira; só. Há um mais central, mas gosto dos T0 do outro há mais anos. Passei a semana a saborear a mudança de tempo, sabedor de que se ocupa a lavar a praia dos escombros de Agosto e a possibilidade de ver mares de fora; as marés vivas trazidas pela Lua para esculpirem o basalto das falésias com berbequins de algas. Como arranco na segunda-feira a seguir ao pequeno-almoço, amanhã vejo os níveis do carro e começo a abastecer-me (nas calmas) com o necessário para não ter de ir ao supermercado, legumes da frutaria e pão da esplanada, sem esquecer a cafeteira e os pacotes de açúcar que voltei a juntar, «prá praiiia levar»; trauteio. Sei que a casa fica ao pé do Hotel de Porto Covo. Tenciono estacionar o carro e meter pelo atalho que vai dar ao mercado e ao Largo do Marquês e respectiva esplanada; ao fim do braço de rua, o mar. Ainda não fiz as contas e não me privo de cozinhar, mas dias haverá em que tomo o pequeno-almoço e mando guardar o prato do dia para jantar em casa; bacalhau com broa, faceiras de porco preto estufadas e outras atenções domésticas da dona Maria, a sorrir pelo guiché que comunica a cozinha com o balcão para segredar o que me apetecia. Exposto ao Sol, a flanar pelas ruas e falésias e dunas, se me sentir assediado pelo que terei todo o prazer em considerar carências afectivas, satisfaço-as com uma sobremesa / refeição: uma manga, três iogurtes e um bolo de torresmos do Arsénio, pacientemente envolvidos; a marinar para quando chegar da vadiagem. Estadias anteriores aconselham a máxima prudência se for fumar um charro ao Beco do Saco, ao lado da igreja para não dar nas vistas; posso vir de lá adoptado por um gatito, ao colo. E, se por ventura, vir um pontinho a brilhar no meio do pêlo, já sei que é uma pulga com aparelho nos dentes.

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